segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Violência durante a Gravidez


Foto retirada do blog:
centropopulardamulher.blogspot.com

Mais uma vez apresento a vocês um caso clínico.

Atendo três pacientes da mesma família: pai, mãe e filha. Por enquanto, atendo os três separadamente, mas tudo indica que estamos caminhando para uma terapia familiar e que, juntos, posteriormente, em uma mesma sessão, poderemos obter alguns progressos, até porque os três casos se entrelaçam e não tem como ser diferente, o que, obviamente, já era esperado.

Bom. Vamos realmente ao que interessa nesse post: a mulher que sofreu violência durante a gravidez.

Quando ouvimos falar em gravidez, o que vem à cabeça é uma imagem positiva que lembra vida, alegria, amor, ainda que esta não seja uma gravidez planejada. Sendo assim, é muito difícil conseguirmos associar um momento tão lindo com qualquer tipo de violência, não é verdade? Porém, essa mulher me traz uma nova visão da realidade, que costumamos fantasiar: “Apanhei, ouvi barbaridades e ainda sofro com tudo isso!”

Não estou dizendo só de violência física, mas também emocional. O que importa é que qualquer tipo de violência traz danos terríveis. Pesquisas recentes demonstram correlação entre violência na gravidez e depressão pós-parto. Então, pelo que podemos constatar, os danos não são só relacionados à mãe, mas também à criança, que sofre com a rejeição.

Sabem o pior de tudo?A maior parte dessas mulheres atravessa esses momentos sozinhas por não terem condições de procurar ajuda. Com isso, a saúde da mulher e a saúde da criança ficam comprometidas.

Uma pesquisa realizada no estado de São Paulo, com 1.922 mulheres, com idade entre 15 e 49 anos e que engravidaram pelo menos uma vez na vida, revela que 60% delas já sofreram algum tipo de violência (física, sexual ou psicológica) pelo parceiro. Cerca de 20% das entrevistadas afirmaram terem sido agredidas durante a gravidez.

Segundo a psicóloga Julia Garcia Durand, que estudou o assunto em seu mestrado na Faculdade de Medicina (FM) da USP, a violência doméstica durante a gestação está associada à perda de suportes sociais (como o apoio familiar e da comunidade) por parte da mulher.  A partir disso, é criada uma situação de dependência em que o homem enxerga a mulher como uma pessoa submissa - uma visão que tende a se acentuar com a gravidez.

Diante de tudo o que foi colocado nesse post, o que posso dizer, por enquanto, é que, infelizmente, as mulheres procuram ajuda muito tarde, quando o caso já está insustentável. Então, chamo a atenção das mulheres que sofrem desses diversos tipos de violência: TENHAM CORAGEM, DENUNCIEM, PROCUREM AJUDA!

Temos que ir em busca de acabar com duas visões: a de que a mulher é a única responsável pelo planejamento familiar e a associação de masculinidade à violência.

Amigos psicólogos, não sou especialista em terapia familiar. Mais um desafio!!! Me ajudem nessa e deixem seus comentários!
Obrigada e um forte abraço!=)

9 comentários:

  1. Muito bom o post...
    Um tema bem delicado né amiga!
    Boa sorte com seus pacientes.=)

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  2. Ei, amiga..muito obrigada!
    O tema é bem delicado mesmo e o trabalho também...
    Boa sorte pra vc tb na nova fase da sua vida!bjos

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  3. Hello Ana,

    I am Dr. Russ Murray, I am always looking for reciprocal Google/Blogger followers with both of my blogs. I will leave a comment with each blog. Happy New Year. Thanks.:)

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  4. I took a bit of child psychology with my BA degree. I think it is good you are trying to understand children this way.

    Russ:)

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  5. Julgo que vai ter e alternar entre terapia familiar e individual, especialmete para a mãe que foi violentada durante a gravidez.
    Seguramente, ela terá de ser dessensibilizada em relação aos traumas que sofreu.
    Parabéns pela abordagem evitando que cada personagem seja tratada por terapeuta diferente.
    Mário de Noronha
    psicologiaparaque.wordpress.com

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  6. Obrigada, Mário!Suas dicas são importantíssimas!Agradeço as visitas e a atenção. Um abraço

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  7. Hello Russ! How you found my blog? I'm happy for you follow my posts. I am following you too. Happy new year to you. Take care!

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  8. Por algum motivo que eu não entendo, me parece que a maioria dos casos acontece porque a mulher não procura ajuda. Dá até mesmo para comparar essa omissão com Bullying, onde a vítima em geral também não procura ajuda...
    Boa sorte com seus pacientes, que eles procurem ajudar você a ajudá-los!

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  9. Bom, Panda...acho que os casos acontecem por uma patologia do marido e continuam acontecendo porque a mulher não procura ajuda. São questões muito complicadas e existem dicversos fatores por trás disso tudo. O que importa é que a gente não julgue essas pessoas, que são guerreiras, apesar de tudo. Muito obrigada peloc omentário. Gostei muito do seu blog e da forma como você expõe as suas opiniões. Parabéns!

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