quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Existe um limite entre ajudar o outro e ferir a si mesmo?





Me sinto como um pequeno grão de areia em meio ao universo hospitalar...


O mundo não é feito apenas de ciência e medicina e espero, de coração, que as pessoas se lembrem disso!


Convivo com a dura realidade da doença e da morte todos os dias e percebo, cada vez mais, que as pessoas precisam de amor, sensibilidade, humanização...

Só preciso saber o que fazer com o dilema entre "viver arrasada" e ao mesmo tempo ter a "sensação do dever cumprido"...


Estou tão perdida!!!


 Será que existe um meio termo?

domingo, 18 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Livro "O Éden" - Flávio Siqueira

Nada como um livro tão maravilhoso em uma semana tão estressante de provas e mais provas no novo mundo em que fui me meter - o jurídico. (ESTOU AMANDO TUDO ISSO!)


Meu livro chegou! O Flávio Siqueira é encantador! Estou apaixonada por cada palavra escrita por ele. Vale a pena ler! 


Vim postar algo dele que mexe comigo: 


"Quem anda conforme seus medos e usa seus pre-conceitos como tangenciador de caminhada, se enclausura em si mesmo.
É como se vivessem em um porão escuro, sem janelas, sem jamais ver a luz do sol.  Como se pertencessem a caverna de Platão (filósofo Grego 428 AC).
Apesar da crescente valorização de palavras como "liberdade", "democracia" e  "consciência", basta um simples olhar mais apurado para discernir o quanto somos aprisionados como cães de laboratório, respondendo a estímulos de consumo disseminados com enorme sutileza.(as vezes nem tanto)
Você que acorda cedo e sai para o trabalho. Se inquieta com seu salário e os rumos da economia. Que paga seu plano de saúde, o seguro do carro e o de vida. Lê seus jornais pela manhã e, no fim do dia, assiste aos tele jornais antes de descansar. Você que está atento e informado sobre os rumos da tecnologia e não perde uma oportunidade de comprar a mais recente novidade.
Talvez você se considere um ser espiritual, evoluído ou simplesmente em dia com suas obrigações religiosas, de modo que acredita em Deus e respeita o próximo. Está em dia com seus impostos, certo ? Não compra produtos piratas, não suja as ruas e segue todas as campanhas politicamente corretas.
Você que se diverte e investe em seu lazer, viaja sempre que dá,  assiste aos seus programa de televisão e tem suas próprias opiniões em relação a política, futebol e o comportamento do próximo.
Você que vive sua vidinha normal, sem excessos, seguindo o fluxo do que a média aceita, tolera e considera saudável.
E se você estiver preso em uma caverna sem saber ?
E se houver luz do lado de fora ?
E se o caminho da média - estrada para a mediocridade - for o único caminho que você trilha ?
E se um dia você entender que sua vidinha é uma jaula de conforto e, de repente, se sentir a um passo da liberdade ?
Já pensou se - ainda que você não queira - uma curva inesperada em seu caminho colocar sua vida de pernas para o ar e, em questão de segundos, tudo o que parecia estável e encaixado perder completamente o sentido ?
E se não for mais possível fingir que não vê ? Que não sente ? Que não quer ?
Que tipo de sentimento terá quando, não mais o piso fechado, gelado, estável e seguro da jaula estiver diante dos seus pés, mas a grama, a terra e o sol ?
Como será o dia em que, como esses cãezinhos de laboratório, presos a vida inteira em jaulas para testes de indústrias na Espanha, libertados por uma ONG que documentou a primeira vez que viram a luz do sol, como será que você reagirá ?
Ou será que você realmente acredita que esse teu comodismo existencial que lhe dá sensação de conformo e segurança justifica sua existência? Ou será que você realmente acredita que estará para sempre no controle e o que hoje lhe parece insondável, permanecerá escondido eternamente ? Acredita mesmo que sua saúde, seu dinheiro, seus argumentos, sua aparência, sua articulação, sua influência, sua sanidade nunca terminarão? Tem absoluta certeza de que aquilo que você tanto almeja e chama de poder, conquista, metas ou vitórias, lhe conduzirá para fora da jaula?
Como será o dia em que a jaula se abrir e você olhar para a luz do sol?
Quando perceberá que tudo o que precisamos é nos expor a sua luz ?
Até que ponto lhe parece plausível que nada lá fora fará sentido, se não for iluminado pelo sol?"

Leiam, reflitam e comentem...beijos!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Eis a questão...


Ao conversar com uma colega de trabalho (casualmente - não era uma situação de atendimento), surgiu o assunto “TRAIÇÃO”. Logo pensei: “Poxa, meu blog está parado há meses, então vou transformar essa conversa em um texto, assim que chegar em casa!”. Deu nisso! ;)

A vida nos traz diversas situações conflitantes e não preciso saber de muita coisa para conseguir afirmar isso. A partir desses conflitos, nossa capacidade de escolha, obviamente, é colocada em teste. Então, vem o pensamento: “em nome do que ceder ao desejo e em nome do que não ceder?” A resposta certamente será diferente em cada momento de nossas vidas e em cada relacionamento.

Quando o assunto surgir, certamente alguma alma feminina levantará a mão para dizer que o sexo e o amor estão intimamente relacionados e que a mulher só trai quando há algo errado e vazio no relacionamento. Eu confesso que concordaria com essa opinião, de forma tão generalizada, se o tempo não tivesse passado. É certo que durante muito tempo foi assim e, por questões basicamente culturais, pode ser que ainda seja um pouco, mas esse comportamento vem mudando a partir do momento em que a mulher moderna conquista o seu lugar na sociedade. São tantas mudanças, que acabo me perguntando: “Por que tais mudanças não refletiriam no modo de pensar sobre o sexo?”.

Por favor, gente, os famosos clichês como “o que os olhos não vêem o coração não sente", ou "a carne é fraca", ou ainda "não vou trair para não dar a mesma oportunidade para o meu parceiro", não são admitidos aqui, pois estaríamos, assim, a favor da justificativa barata, do poder e até mesmo da dependência, menos do amor, não é mesmo?

Só sei que uma coisa é certa e, como mulher, garanto que essa informação é passível de generalização: mulheres não gostam de situações indefinidas, necessitam de objetividade, das coisas bem resolvidas, de segurança. E, hoje, estão muito mais decididas, não se satisfazendo com uma relação de aparências. E outra, mulher é um “trem” muito esquisito, lotada de instabilidades, tensão pré, durante e pós menstruação (rsrs). Portanto, vocês acham mesmo que a mulher pode ser sinônimo de previsibilidade?

Não há uma conquista eterna, queridos! Vocês precisam nos conquistar todos os dias!

Gostaria muito de agradecer quem me deu inspiração para criar mais um texto para o blog, mas a situação não ficaria muito agradável se eu citasse nomes, ok?kkkkkk...

Beijos!

SAUDADE DO MEU BLOG QUERIDO!=)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

No olho do furacão!



O furacão gira o ar com tanta, mas tantaaaaa velocidade, que acaba criando, em seu centro, um vácuo, um lugar, por incrível que pareça, calmo e silencioso - um poço de tranquilidade cercado por um turbilhão de agitação!

É esse lugar que precisamos encontrar. É inevitável que estejamos perto da agitação, dos problemas, da angústia, mas cuidado para não ser tragado por esse redemoinho! O ideal é encontrarmos, dentro de nós, esse olho do furacão, para que a gente consiga enfrentar as crises do dia a dia.

Tenho tentado fazer isso todos os dias, diante dessa correria em que vivo, e convido vocês a me acompanharem nesse caminho de busca pelo olho do furacão! (Tô ficando meio doida????rs)

domingo, 15 de maio de 2011

Post rapidinho: novo emprego!

Galerinha,
Tive que sair do meu consultório, pois fui contratada pelo Hospital São Sebastião - Viçosa MG!
Estou muito feliz, apesar da correria de dois empregos, além do curso de Direito durante a noite.
Por isso, o blog anda meio abandonado...
Assim que eu tiver um tempinho e um pouco de inspiração, volto a escrever!
Saudade dos comentários de vocês!
Um beijo!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Bullyng não é brincadeira!



Hoje resolvi falar sobre um assunto bastante atual: o famoso BULLYING. Pretendo abordar somente a violência emocional, ou seja, falarei de apenas um aspecto desse termo tão amplo.

O bullying aparece de forma recorrente nas notícias atuais, o que nos faz compreender claramente seu impacto negativo. Porém, as pessoas ainda não estão compreendendo e enxergando a gravidade das conseqüências advindas desse tipo de situação.

Pais e professores, comecem a intervir junto aos alunos e gastem parte do tempo de vocês a fim de gerirem esse tipo de situação de rejeição social. Muitos optam por “fechar os olhos”, mas enquanto isso acontece, os traumas vão surgindo.

Aqueles que estão do outro lado, ou seja, rejeitam o colega e o discriminam, por favor pensem: quem lhes deu o direito de marginalizarem e excluirem outra pessoa, condenando-a ao desprezo? Por um acaso, vocês conseguem avaliar o sofrimento daquele que é rejeitado?

Sentir-se rejeitado é uma experiência muito dolorosa. Precisamos nos sentir aceitos e pertencentes a um grupo social, pois isso nos dá segurança, amparo e, quando uma pessoa simplesmente decide condenar outra à rejeição e ao preconceito, está lhe dando uma punição, sem possuir o direito de fazê-lo.

Tenho pacientes vítimas de bullying e posso afirmar que o resultado é penoso. Disso podem surgir casos de depressão, baixa auto-estima, transtornos alimentares, pensamentos suicidas, etc.

Para que consigamos ultrapassar esse tipo de dano causado por esse tipo de violência, há a implicação de um trabalho terapêutico, no sentido de fazer com que a vítima compreenda que esse tipo de comportamento é completamente irracional, tentando fazer com que a vítima se isente de qualquer tipo de culpa, até mesmo porque é esse tipo de sentimento que intensifica o estado depressivo e, por não fazer sentido algum, deve ser descontruído no processo terapêutico.

Bullying não é mais uma "modinha", como os leigos costumam dizer. Bullying é coisa séria! Vamos pensar sobre isso!


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Como lidar com a rejeição?



Meus queridos:

Os meus últimos dias foram bem difíceis. Vou compartilhá-los com vocês, pois minha experiência pode ajudá-los de alguma forma.

Participei de um processo seletivo em uma empresa chamada FUNARBE (Fundação Arthur Bernardes), empresa esta que valoriza bastante o trabalho do psicólogo da área de recursos humanos. Eram 15 psicólogos inscritos e o processo apresentou 3 etapas. A primeira etapa envolveu dinâmica de grupo e prova de conhecimentos específicos e, dessa primeira etapa, foram selecionados 5 candidatos, inclusive eu. A segunda etapa baseou-se em uma entrevista com a psicóloga e a gerente de Recursos Humanos da empresa. Dessa etapa, selecionaram apenas dois candidatos e eu, mais uma vez, estava selecionada. Na última etapa - entrevista com o presidente da empresa - fui eliminada.

Cheguei tão perto!!!O tombo foi gigante...

Vivo tentando ajudar as pessoas, fazendo com que elas percebam o grande valor que possuem e, agora, quem está precisando disso sou eu!Que loucura isso!hehehe

Quero parabenizar a pessoa que foi contratada, pois ela é super competente, além de ter um coração enorme, pois me deu várias dicas durante o processo!Obrigada, Cassinha!Que você tenha muito sucesso em sua carreira!

Quanto a mim, continuo na prefeitura de Paula Cândido como psicóloga clínica, atendendo no PSF e psicóloga escolar da Escola Coronel, aprendendo cada vez mais e tentando passar um pouquinho da minha experiência para as pessoas.

Boa sorte a todos que pretendem participar de algum processo seletivo!



domingo, 27 de março de 2011

Desafio: Compulsão Alimentar



Olá, queridos leitores!
Há uma semana uma paciente que gosto muito de atender me trouxe uma grande questão que nunca havia sido tratada durante o tratamento: "Ana Luiza, acho que tenho um distúrbio alimentar. Como compulsivamente, mesmo sabendo que já estou satisfeita. Me ajude nisso!". Essa frase foi colocada bem no finalzinho da sessão, o que foi ótimo, pois pude pesquisar mais sobre o assunto, antes de atendê-la novamente.
Ao ler alguns artigos sobre o assunto, encontrei algumas dicas aos compulsivos alimentares:
  • Não faça dietas muito rígidas, pois estas colaboram para o estado compulsivo;
  • Coloque em sua cabeça que nenhum tipo de alimento está proibido, mas deve ser controlado. A proibição de um alimento cria um desejo exagerado por ele;
  • Ao terminar uma refeição, levante-se da mesa. Muitas vezes você continua a comer apenas porque a comida está na sua frente;
  • Lembra-se que a comida só tem efeito curativo em relação à fome. Problemas e sentimentos têm outro tipo de solução, como uma boa conversa, um desabafo, uma ida ao cinema, um esporte;
  • Não pule refeições. Um grande intervalo de tempo sem comida pode deixá-la compulsiva no momento em que for se alimentar novamente;
  • Evite comer quando estiver cansada, pois você vai querer comer rápido para poder descansar e com isso, provavelmente, você vai comer mais do que seu organismo precisa. Faça o inverso: ao chegar em casa, depois do trabalho, tome um banho, vista-se confortavelmente e depois vá comer;
  • Não coma em pé ou andando pela casa. Assim, não vai saborear os alimentos e nem perceber quando estiver saciada;
  • Anote tudo o que comer, pois isso vai ajudá-la a familiarizar-se com seu padrão alimentar e a perceber o que deve ser mudado.
Agora que as dicas estão lançadas, pensem: Que vazio você tenta preencher com esta compulsão?Quais necessidades você tenta satisfazer através da comida?
Dialogue com seu corpo todos os dias!Ninguém o conhece como você mesma!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Amor e mentira...

Hoje, ao entrar em meu “facebook”, dei de cara com uma atualização de uma colega dizendo o seguinte: “O amor é sentimento que ocorre entre duas pessoas que ainda não se conhecem verdadeiramente”. A seguinte frase insinua que o amor é ilusório e que, a partir do momento em que as pessoas se mostram, verdadeiramente, o amor acaba.
Bom, o que dizer? Essa pessoa ainda não conheceu o amor verdadeiro? Quem sabe ela não viveu uma enorme mentira? É importante ressaltar que essa é uma opinião minha, completamente sujeita a comentários e argumentos contrários, ok?
Sabemos que o início de uma relação é sempre marcado por muita paixão, o que faz com que, muitas vezes, percamos o discernimento e a objetividade em relação à pessoa com a qual nos relacionamos. Essa primeira fase é a mais intensa da relação, o que implica em alguns riscos. Cabe a nós a escolha de correr ou não esses riscos e arcar com as conseqüências dessas escolhas, não é mesmo?
A psicóloga portuguesa Cláudia Morais alerta: “Algumas pessoas mentem desde o início da relação. Fazem-no pelas mais diversas razões e podem arrastar a pessoa amada para uma situação de vulnerabilidade e desapontamento que deixa marcas. Uns mentem porque sentem a necessidade de manter uma vida secreta/ paralela; outros mentem por serem paranóicas e não conseguirem confiar a verdade a ninguém; outros porque são sociopatas, incapazes de ser honestos; já outros ocultam segredos horríveis do seu passado. Enfim, há mil e uma razões.”
Independente da justificativa dada a mentira, sabemos que o tempo trará discernimento sobre quem é quem, se existe amor ou se é só ilusão.
No início do relacionamento, as “mentirinhas” são mascaradas pela paixão, sendo assim, completamente justificáveis. Porém, depois de algum tempo, a verdade e o alerta interno da pessoa começam a dar alguns sinais de que algo está errado na relação.
Ainda que a dor relacionada ao confronto com a mentira seja muito forte e possa, assim, condicionar a forma como a pessoa traída olha para as relações amorosas - ou seja, a partir de uma relação ela projetará a próxima - é preferível, obviamente, que este desencanto surja numa fase inicial. Descobrir que a pessoa usava uma máscara, em um momento muito maduro da relação, implica uma frustração maior.
Portanto, meus caros leitores, vamos permitir que o tempo passe e que a euforia do início da relação dê lugar à reflexão e ao discernimento? Só assim poderemos avaliar a pessoa amada, olhando a realidade de forma mais objetiva.
Ô Tarefa difícillllllllll!!!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Guilherme Massara

Caros leitores,
Diante das dúvidas que o outro post deixou, pensei que pudesse ser relevante postar uma entrevista feita com o psicanalista Guilherme Massara. Ele fala, de forma muito clara, sobre esse assunto tão complicado: a Mentira.
Espero que essa entrevista dê uma clareada nas idéias, como ocorreu comigo.
Um abraço a todos!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sem limites para a mentira

Foto retirada do site: www.jornalpequeno.com.br
A necessidade para mentir torna-se cada vez mais perigosa. Há casos nos quais a fase fantasiosa da infância se prolonga, ultrapassando a barreira da normalidade e se esbarrando na patologia. Apesar da mentira aparecer, muitas vezes, em forma de algum transtorno, temos que saber separar patologia de falta de caráter, pois existem pessoas que mentem para se safar de situações e podem justificar seus atos através de alguma doença, o que é ainda mais abominável!

É inegável que a mentira faz parte do mundo em que a gente vive e que todos nós já contamos uma mentirinha, mas segundo o médico psiquiatra Luís Carlos Calil, a mentira passa a ser doença quando causa sofrimento para o indivíduo que mente ou para as pessoas de seu ambiente. Sendo assim, a mentira deve ser avaliada, segundo especialistas, considerando seu objetivo, circunstância e motivação.

Não sei se vocês já ouviram falar em Mitomania, então, antes de mais nada, falarei um pouquinho disso pra vocês. A Mitomania é um distúrbio de personalidade no qual o paciente possui uma tendência compulsiva pela mentira. Segundo Letícia de Oliveira, terapeuta comportamental, uma das grandes diferenças do mentiroso esporádico ou “tradicional” para o mitômano é que, no primeiro caso, o indivíduo não tem resistência em admitir a verdade, enquanto o portador da compulsão por mentir usa a mentira em proveito próprio ou prejuízo de outro de forma imoral e insensível, sem sentir necessidade de desfazer o engano. 

Na mitomania, o paciente usa a mentira de forma consciente para enganar pessoas e tirar vantagens. Ele nunca admite suas mentiras, embora tenha plena consciência de que são histórias imaginárias e também não se constrange ao vê-la descoberta. Esse comportamento patológico se torna um estilo de vida difícil de ser controlado como qualquer outra doença psiquiátrica. 

Agora, lembrando do que eu disse lá na primeira frase, sobre confundirmos falta de caráter com a mentira patológica, é importante dizermos aqui que o mentiroso comum calcula o perigo que corre, prevê as contestações, prepara contra-resposta, ao passo que o mentiroso patológico vai mentindo e dando asas à fantasia sem se preocupar em aprofundar e julgar o que diz, não se dando conta de que muitas vezes está caindo no ridículo. 

Segundo Simone Russo, psicóloga, o mentiroso compulsivo nem sempre tem noção de que está mentindo, o que o leva a acreditar em suas fantasias e considerá-las realidade. Furos nas histórias, comportamento desafiador, dificuldade em respeitar normas, ausência de limites e de preocupação com os outros são algumas das características para detectar o mitomaníaco.

A pessoa tem a necessidade psicológica de mentir para ter uma satisfação pessoal, para parecer mais interessante, e para isso passa a contar histórias fantasiosas. Pessoas inseguras, carentes e que precisam de atenção são o perfil mais comum. Ainda segundo alguns psiquiatras, as mulheres são a maioria entre os mentirosos compulsivos.


Para que haja o tratamento da mentira é necessário, em primeiro lugar, a identificação da doença de base responsável pela sua manifestação, pois existem vários transtornos que possuem a compulsão pela mentira como sintoma. A psicoterapia em conjunto com o uso de remédios é utilizada como controle.

Caros colegas e leitores, vocês conhecem alguém com esse perfil?Contem suas experiências aqui no blog. Tenho uma dificuldade imensa em saber o limite existente entre o mentiroso comum e o patológico. Ainda temos muito o que aprender!

Obrigada pelos comentários!Um abraço!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Adoção por casais homossexuais


Foto retirada do blog: michele-michelelarissa.blogspot.com

Vídeo indicado pelo colega "Panda", seguidor do blog. Obrigada, querido!
Queridos seguidores e leitores,
Como prometi anteriormente, escrevo hoje sobre a adoção de uma criança por um casal homossexual, assunto delicado e muito discutido atualmente.
Sempre costumo trazer casos do consultório, mas hoje farei um post mais teórico, pois ainda não atendi alguém que vive esse tipo de situação.
Antes de qualquer coisa, eu gostaria de ressaltar os dois pontos chave que transformam essa questão em tão polêmica e controversa: o reconhecimento, perante a sociedade, da existência de um núcleo familiar homoafetivo e a conseqüência gerada aos adotados por estas famílias.
Infelizmente, vivemos em sociedade e damos abertura para que as pessoas invadam nossas vidas. Com isso, damos a elas o direito de opinarem. Quando a pessoa possui um conhecimento sobre o assunto, acho até válido que ela opine e acrescente algum tipo de aprendizado. O grande problema é que existem pessoas que não conhecem nada sobre o assunto e, infelizmente, opinam de forma negativa e preconceituosa.
Embora haja esse "grande" impasse cercando o assunto, não podemos, de forma alguma, ignorar o direito dos homossexuais à adoção e, muito menos, os benefícios trazidos à sociedade em decorrência da formação de um novo lar aos adotados.
Paulo Bonança, psicólogo carioca, traz algumas questões interessantes em uma entrevista concedida ao site redepsi.com.br e acho válido expor algumas dessas questões, de forma resumida, como um convite à reflexão.
Geralmente, as pessoas dizem que uma criança adotada por um casal gay pode se tornar homossexual devido ao convívio. Paulo dá uma resposta espetacular e óvia: "Seria muito difícil poder afirmar que uma criança adotada por um casal gay venha a ser gay devido ao convívio. Seria o mesmo que afirmar que filhos de héteros serão héteros devido ao convívio com os pais héteros." Diante dessa resposta, acho que não preciso dizer nada.
Uma outra questão abordada seria sobre o preconceito existente na sociedade em relação a essas crianças. Frente a isto, Paulo friza que seria fundamental manter os canais de comunicação abertos, dizendo ao filho que eles estão dispostos e disponíveis a conversar sobre o tema e a responder às dúvidas que ele possa vir a ter.
A orientação sexual dos pais não é algo tão importante para eles, dentro de casa, mas para algumas pessoas que vivem fora dessa relação, pode ser. Isto ocorre porque elas não sabem, não entendem o que é a homossexualidade.
Paulo deixa sua mensagem: "Omitir que é gay é instalar um segredo dentro do convívio familiar, é negar uma situação que pode ser óbvia, é negar os avanços sociais que levaram o casal à possibilidade de adotar esta criança, é colocar a homossexualidade dos pais dentro de um contexto obscuro. Talvez antes de negar ou afirmar algo, seja melhor averiguar o que a criança já sabe e o que pensar sobre a situação." Acho que tudo fica tão claro nessa entrevista, que não preciso expor a minha opinião, que acaba se misturando muito à opinião desse psicólogo.
Ainda assim, preciso deixar um recado para finalizar o post. Vamos pensar de forma mais positiva? Não podemos negar que existe preconceito e discriminação, mas o que a adoção visa? Segundo o que eu conheço e o que eu penso sobre o assunto, o principal é dar um lar cheio de afetividade a essa criança, para que ela tenha oportunidades de se desenvolver, se tornando um cidadão. Então, meus caros, por que dar tanta importância à sexualidade dos pais?
Respondam, devolvam a pergunta, reflitam, pensem sobre isso...a idéia do blog é justamente essa!
Obrigada a todos e um grande abraço!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Violência durante a Gravidez


Foto retirada do blog:
centropopulardamulher.blogspot.com

Mais uma vez apresento a vocês um caso clínico.

Atendo três pacientes da mesma família: pai, mãe e filha. Por enquanto, atendo os três separadamente, mas tudo indica que estamos caminhando para uma terapia familiar e que, juntos, posteriormente, em uma mesma sessão, poderemos obter alguns progressos, até porque os três casos se entrelaçam e não tem como ser diferente, o que, obviamente, já era esperado.

Bom. Vamos realmente ao que interessa nesse post: a mulher que sofreu violência durante a gravidez.

Quando ouvimos falar em gravidez, o que vem à cabeça é uma imagem positiva que lembra vida, alegria, amor, ainda que esta não seja uma gravidez planejada. Sendo assim, é muito difícil conseguirmos associar um momento tão lindo com qualquer tipo de violência, não é verdade? Porém, essa mulher me traz uma nova visão da realidade, que costumamos fantasiar: “Apanhei, ouvi barbaridades e ainda sofro com tudo isso!”

Não estou dizendo só de violência física, mas também emocional. O que importa é que qualquer tipo de violência traz danos terríveis. Pesquisas recentes demonstram correlação entre violência na gravidez e depressão pós-parto. Então, pelo que podemos constatar, os danos não são só relacionados à mãe, mas também à criança, que sofre com a rejeição.

Sabem o pior de tudo?A maior parte dessas mulheres atravessa esses momentos sozinhas por não terem condições de procurar ajuda. Com isso, a saúde da mulher e a saúde da criança ficam comprometidas.

Uma pesquisa realizada no estado de São Paulo, com 1.922 mulheres, com idade entre 15 e 49 anos e que engravidaram pelo menos uma vez na vida, revela que 60% delas já sofreram algum tipo de violência (física, sexual ou psicológica) pelo parceiro. Cerca de 20% das entrevistadas afirmaram terem sido agredidas durante a gravidez.

Segundo a psicóloga Julia Garcia Durand, que estudou o assunto em seu mestrado na Faculdade de Medicina (FM) da USP, a violência doméstica durante a gestação está associada à perda de suportes sociais (como o apoio familiar e da comunidade) por parte da mulher.  A partir disso, é criada uma situação de dependência em que o homem enxerga a mulher como uma pessoa submissa - uma visão que tende a se acentuar com a gravidez.

Diante de tudo o que foi colocado nesse post, o que posso dizer, por enquanto, é que, infelizmente, as mulheres procuram ajuda muito tarde, quando o caso já está insustentável. Então, chamo a atenção das mulheres que sofrem desses diversos tipos de violência: TENHAM CORAGEM, DENUNCIEM, PROCUREM AJUDA!

Temos que ir em busca de acabar com duas visões: a de que a mulher é a única responsável pelo planejamento familiar e a associação de masculinidade à violência.

Amigos psicólogos, não sou especialista em terapia familiar. Mais um desafio!!! Me ajudem nessa e deixem seus comentários!
Obrigada e um forte abraço!=)