segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mãozinhas que "roubam"

foto retirada do site http://familia.sapo.pt/



Essa semana uma pessoa veio me procurar pedindo uns conselhos sobre seu filho de 6 anos. Ele anda roubando objetos em todos os lugares que vai: escola, casa dos avós, casa dos tios...
O que mais me chama a atenção é o roubo de objetos inúteis, sem a menor importância, o que mostra que seu prazer está na compulsão em pegar algo que é do outro e não em usufruir do que pegou.
Ao ler alguns artigos, vi que existem algumas explicações para o que anda ocorrendo com ele, mas é importante que a gente não generalize, pois cada criança tem sua individualidade. 
A psicanálise, que não é o meu forte, diz algo sobre a criança estar em busca de uma pessoa(a mãe-seu objeto de desejo que foi perdido), agindo segundo uma fantasia que pertence aos seus impulsos primitivos de amor, pois perdeu um pouco do contato com a mãe(diminuiu, até com a presença de um irmão mais novo, por exemplo). A mãe pode ou não estar presente, pode ser uma mãe perfeitamente boa e capaz de dar amor ao filho(que é o caso dessa pessoa), mas, do ponto de vista da criança, ainda falta algo(é como se "roubar" fosse uma ação compensatória).
É importante também que o assunto seja levado a sério.Achar o fato engraçado ou humilhar a criança com brigas na frente das pessoas pode reforçar o comportamento ou envergonhar a criança, o que não é aconselhável.
Um outro fator essencial é que se fale pra criança sobre as consequências disso, de como a pessoa que perde seu objeto se sente mal (EX: "como você se sentiria se pegassem algo que é seu?") e que se obtenha dela um pedido de desculpas. E não basta obrigá-la a devolver o objeto furtado, os pais devem ajudar porque se trata de um processo humilhante.
Contar a história repetidamente, especialmente em público, também não é bom e pode ser considerado até desleal. Sempre deve-se discutir esse assunto longe dela.
É importante que se perceba a causa do "furto" e quanto mais cedo se intervir, maior a probabilidade de a intervenção ser eficaz e de não descambar numa cleptomania futura.(Não quero assustar ninguém, mas é uma possibilidade pra qualquer pessoa, independente da classe social). 
O ideal é que consigamos enxergar o lado positivo(algo normal da infância), mas também precisamos enxergar as possibilidades negativas e que isso nos movimente.

2 comentários:

  1. Gostei deste post. Vou tentar traduzí-lo ainda hoje para a minha linguagem comportamentista ou eclética. É como se «traduzíssemos» de brasileiro para o português, com o mesmo título.

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  2. Nossa, Mário. Me sinto honrada com seu comentário. Um psicólogo português de grande nome na área gostando de um post escrito por mim. Fiquei muito feliz!Obrigada.. Um grande abraço

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